Acho
incrível como muitas pessoas tem dificuldades de lidar com esse assunto, é como
se fosse um tabu.
Ao
contrário do que não é dito, não é nada raro encontrar por aí, pessoas
machucadas e corroídas por dentro. Exteriormente, podemos nos deparar com
lágrimas e expressões melancólicas. Interiormente, os sentimentos podem estar
visíveis como feridas inflamadas. Além dos fatores internos e externos, também
existem as lembranças. Que podem vir através de rejeição, impaciência,
depressão ou ainda pior, através de uma falsa sensação de força.
Uma
pessoa ferida, dificilmente, conseguirá disfarçar sua dor, quando vez ou outra,
ela aparecer e incomodar.
Eu
cresci escutando essa frase: “quem bate esquece, quem apanha não”.
Mais
do que uma verdade, essa sabedoria popular acompanha a consciência de qualquer
pessoa que conheça a si mesmo. Seja lá qual for o nome da ferida de estimação
que te acompanha: ofensa, tapa, humilhação, traição, roubo, abandono ou
injustiça.
Não
adianta colocar ela na responsabilidade do tempo, ao contrário do que parece, o
tempo não é um remédio, não nesse caso. Essa ferida pode até cicatrizar em
algum momento, criar uma casca, mas na primeira oportunidade com um leve toque
que seja, a dor voltará e a ferida ficará novamente aberta. Muitas pessoas
choram pelos cantos, sozinhas na escuridão da noite, enxugando suas lágrimas
como conseguem, tentando não deixar ninguém perceber o quanto é angustiante
viver assim. É preciso manter as aparências, essas pessoas dizem. Outras
pessoas, provocam o mundo com as mesmas dores que possuem. É como por exemplo,
uma pessoa machucada, tem uma neurótica e compulsiva vontade de machucar também
para mostrar ao mundo, mesmo que inconscientemente ou não, o quanto é dolorido
se machucar.
Tanto
a mágoa, quanto o rancor, ambos sempre procuram um culpado. E quando não
conseguimos colocar a culpa em alguma coisa ou em alguém, acabamos nos culpando
e nos responsabilizamos por um problema sem tamanho. E assim, muitas pessoas
simplesmente desistem de viver, devido as suas feridas que não cicatrizam.
Sobre tudo isso que estou escrevendo, me lembrei de uma frase do Shakespeare,
que diz: “Guardar uma mágoa é como tomar um copo de veneno e torcer para que o
seu agressor morra”. Parece uma frase irracional ou sem um sentido lógico, mas
tudo o que ele quis dizer ao escrever isso, é a lógica inversa da cura de todas
essas dores que as pessoas carregam e alimentam durante as suas vidas. Porque é
provado cientificamente, que guardar rancor ou sentimentos negativos, podem
resultar em doenças como o câncer, gastrite, enxaqueca, cólicas, doenças na
pele, depressão, entre outras.
O
perdão é um ato de libertar o outro, de pagar do erro cometido. Ou seja,
perdoar é o mesmo que liberar um condenado ou um réu de cumprir uma sentença.
Parece confuso, mas pensando racionalmente, quem perdoa perde muito. O perdão
pode ferir o nosso senso comum de justiça, principalmente, se somos nós os
ofendidos. Quem perdoa, acaba assumindo para si próprio o valor e a dor da
punição. Perdoar é como ser machucado duas vezes, a primeira por ter sido pego
despercebido, a segunda por abrir mão da justiça, de revidar ou se vingar. Mas,
acredite em mim, por experiência própria, eu posso afirmar que perdoar é uma
dádiva.
Como sempre com palavras abençoadas que nos toca profundamente.
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