UMA ÉTICA CRISTÃ PARA A VIDA (PÓS) MODERNA

Leitura Bíblica; Colossenses 3. 5-17

Falar do ‘mundo contemporâneo’ dá a impressão que as realidades vividas pelas pessoas em todo local são as mesmas, enquanto, de fato, não são. A vida em Porto Alegre é diferente da vida nas margens do rio Tocantins, que demonstra peculiaridades quando comparada com o cotidiano de Minas Gerais, que por sua vez difere da vivência dos Acreanos, e assim por diante. Porém, acredito que no país todo enfrentamos muitos problemas espirituais e sociais semelhantes. E não somente Brasil afora, mas no mundo todo, em todos os locais que vivem uma vida chamada ‘moderna’, ou ainda ‘pós-moderna’.

O teólogo inglês, John Stott, no seu livro sobre questões que os cristãos enfrentam hoje (Issues Facing Christians Today), escreveu sobre temas como: desigualdade social, pluralismo, a possibilidade de o crente influenciar a sociedade, guerra, questões ambientais, direitos humanos, trabalho, racismo, o tratamento de mulheres, o casamento e o divórcio, inclusive a questão de sexo dentro e fora do casamento, aborto e eutanásia, e o homossexualismo, entre outros temas. Ele estava escrevendo sobre estas polêmicas já nos anos 80. Agora, nos dias da internet, podemos acrescentar: violência e romances ilícitos virtuais, entre outros pecados tradicionais que a internet tem intensificado.

Nesta lista podemos perceber que existem conflitos éticos coletivos (que atingem grupos de pessoas e a própria sociedade) como também conflitos pessoais (que atingem o indivíduo) para os cristãos e o/a cristã/o hoje. Percebemos também, que estas questões não são para nós apenas teóricas, que afetam a vida dos outros, porém são realidades em nossas próprias vidas, e nas vidas de nossas famílias e igrejas.

De que maneira devemos lidar com estas situações enquanto cristãos? A Bíblia tem algum conselho para nós para enfrentarmos os problemas contemporâneos?


Reflexão central 1

Bom, para mim, a chave que providencia uma resposta para qualquer situação encontra-se no versículo 17 da nossa leitura bíblica:

“E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.”

Então, a pergunta básica para cada um de nós, em qualquer situação, deve ser “Eu posso fazer isso em nome de Jesus?” Se a resposta for “Não”, ou “Não sei”, devemos então evitar ou parar tal ação. Se a resposta for “Sim”, então podemos continuar felizes e firmes.

Não podemos responder a esta pergunta em um vácuo, dependendo só daquilo que pensamos ou achamos, de acordo com a nossa própria experiência e filosofia. Se for assim, então em um grupo de cem pessoas teríamos a possibilidade de cem respostas éticas diferentes à mesma pergunta. Apesar de várias coisas positivas terem surgido nesta época da pós-modernidade, como a liberdade de expressão, existe o perigo da falta de diretrizes claras para certas questões importantes da vida. Precisamos de um referencial, e como cristãos acreditamos que este referencial é a vontade de Deus expressa na Bíblia.

De fato, o nosso texto para esta reflexão traz um dos melhores comentários na Bíblia sobre o modo em que um crente deve viver na sua vida pessoal. 

Abrem a suas Bíblias em Colossenses 3, e leiam novamente os versículos 5 a 17, digam-nos algumas das maneiras que vocês acham que estes princípios podem fazer uma diferença coletivamente na sociedade, e individualmente nas nossas vidas pessoais…[Nota para o pregador: nesse momento dê bastante espaço para os ouvintes se expressarem. Leve um lápis ou caneta ao púlpito para anotar as ideias, e depois faça alguns comentários, apropriados e rápidos, para valorizar e reforçar os pontos relevantes que foram levantados].


Reflexão central 2

Em Marcos capítulo 12, nosso Senhor Jesus ensinou outro princípio bastante importante para a formação de uma vida ética cristã [Leia vv28-34] 

Nesta conversa entre Jesus e o mestre da lei, podemos entender que o nosso amor para com Deus é intimamente vinculado ao nosso amor para como próximo. E não somente isso: quando lemos os textos do Antigo Testamento a que essa conversa se refere, como Levítico 19, Oseias 6 e Amós 5, podemos descobrir primeiro, que o “próximo” incluí o estrangeiro pobre, excluído (forasteiro). De fato (como Grenzer observe, no seu pequeno livro Primeiro e Segundo Mandamento: Marcos 12.28-34), o mandamento de amar é utilizado na lei de Deus – Torá – apenas cinco vezes: duas vezes em relação amar a Deus (Deuteronômio 6.5, 10.12), uma vez em relação amar ao compatriota judeu (Lev 19.18), e surpreendentemente, duas vezes em relação amar o estrangeiro pobre, excluído (Lev 19.34, e Deut 10.19). 

A segundo coisa que descobrimos nas passagens citadas pelo mestre da lei (elogiado por Jesus), é que Deus rejeita os louvores do seu povo quando eles não estão cuidando das necessidades das pessoas sofridas e excluídas (Amos 5.21-24, veja 1 Samuel 15.22, Oseias 6.6).

Um amor para com o próximo que é regido pelo nosso amor para com o Senhor tem o poder de nos guiar claramente no meio dos nossos conflitos éticos pessoais. Um cuidado para com os excluídos da sociedade tem um poder transformador para os nossos relacionamentos sociais.

Conclusão

Bom, é claro que a ética só é ética quando não é somente teoria, mas sim, ação... 

Nós estamos reunidos aqui envolvidos em uma bela reflexão. Muitos estão talvez ouvindo pensando “Que pensamentos lindos, que mensagem de Deus, essa é uma verdadeira ética cristã.” [Outros podem estar pensando que não tem nada ver, que pregação fútil!]. Porém, o poder do sermão não está no pregar nem no ouvir. O verdadeiro valor da reflexão não se mede pelos pensamentos dos ouvintes ou pelos comentários na porta após o culto. Para o sermão fazer uma diferença cabe ao pregador e aos ouvintes viverem aquilo que foi exposto – essa é a verdadeira ética cristã – viver a mensagem, praticar os ensinamentos de Deus. 

Tomás Sánchez, teólogo peruano, afirma que diante do sermão pregado precisamos “assumir uma mudança radical, um compromisso público, e de oração”, para que a mensagem tenha o seu efeito.

Daí sim, a reflexão pode transformar as nossas vidas pessoais e coletivas, como crentes, igrejas e sociedade.

Então: Como nós vamos nos comportar na nossa vida coletiva e individual? Diante das tentações e conflitos éticos da vida social; no empregar ou trabalhar; nas questões ambientais; no tratar dos direitos dos outros; em relação pessoas diferentes de nós; no tratamento de mulheres; no casamento; na vida sexual e afetiva; em questões de vida ou morte?

Vamos assumir uma mudança radical, um compromisso público, e de oração? Esta é a nossa tarefa como discípulos de Jesus.

Cada um de nós precisa perguntar-se: “Eu posso fazer o que estou fazendo em nome de Jesus?” 

Se a resposta for “Não”, ou “Não sei”, devemos então evitar ou parar tal ação. Se a resposta for “Sim”, então podemos continuar felizes e firmes.

 “E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus”


Mark E Greenwood
Fortaleza, abril, 2009

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