LUTANDO PELA SANTIDADE


Texto: Neemias 13.
“Não existe atalhos para a santidade”.
(A. W. Tozer)

   Chegamos ao final do nosso estudo. O último capítulo não relata uma grande celebração ou as famosas recomendações tão comuns nas epístolas escritas por Paulo. Os fatos narrados neste capítulo 13 revelam os acontecimentos relacionados ao período em que Neemias esteve ausente de Jerusalém. Quando ele teve que prestar contas ao Rei Artaxerxes, após cerca de doze anos. Não temos o registro do tempo em que ele permaneceu na corte até conseguir uma nova autorização para o retorno a Jerusalém (2.1,6,13.6).
   Neemias ao invés de narrar uma recepção calorosa e festiva, narrou a “degradação” espiritual que havia tomado conta dos judeus. As coisas foram de mal a pior durante o período em que esteve ausente. As atitudes das pessoas contrariava a vontade de Deus. Ele precisou agir rapidamente.
   Novamente podemos perceber a firmeza espiritual de Neemias, agora mais maduro, ele teve que se envolver numa desgastante reforma que exigiu dele firmeza (V.8,11,17,27) e muita oração (V.14,22,29,31). Neemias trabalhou e se arriscou ousadamente para que o povo retornasse ao caminho da santidade. Seu intento era levar o povo de volta ao centro da vontade de Deus.

OS EQUIVOCOS PRATICADOS PELOS JUDEUS

1°) Uso indevido das dependências do templo (V.4-9) – O sacerdote Eliasibe era o encarregado dos depósitos do templo (12.44). Ele também era um parente próximo de Tobias, o mesmo que participou da oposição a reconstrução dos muros (1.10; 4.3; 6.1; 6.12). Eliasibe cometeu o erro de ceder a Tobias uma grande sala, que deveria ser usada para guardar os dízimos e as ofertas. Neemias, muito aborrecido, primeiro desocupou a sala, depois tratou de purificá-la e por fim, designou-a para o seu verdadeiro fim (V.9).

2°) A falta de sustento para os que trabalhavam no templo (V.10-13) – Num momento de grande quebrantamento (Lição 11), um acordo havia sido feito: “Não negligenciaremos o templo do nosso Deus” (10.39). Infelizmente eles não estavam cumprindo os votos. O resultado foi à falta de recursos para os que serviam no templo. Os levitas deveriam morar no templo e receber pagamento pelos trabalhos desempenhados. Mas, devido a grande negligência na entrega dos dízimos, Eles tiveram que abandonar seus postos e retornar para suas terras em busca do sustento. Ao saber do que estava acontecendo, Neemias repreendeu os oficiais, convocou os levitas e os recolocou em seus postos e por fim, designou pessoas de confiança para administrar a distribuição dos recursos entregues pelo povo. 

3°) A negligência do sábado (V.15-22) – Novamente eles estavam descumprindo um voto feito (10.31). O sábado deveria ser um dia apenas para honrar a Deus e para descanso. Mas os judeus estavam profanando o sábado pelo comércio. Observar o sábado era um sinal especial do povo israelita (Ex. 31.12-17). Segundo o  Comentário bíblico Broadman: “Desconsiderar ou violar o sábado era romper com o pacto e atrair a ira de Deus sobre a comunidade”. Neemias reprendeu os nobres lembrando-lhes as tristes consequências dos pecados cometidos pelos antepassados. Ordenou que as portas da cidade fossem fechadas no por do sol de sexta-feira e abertas apenas quando o sábado tivesse terminado. Ele confrontou os comerciantes que estavam negociando do lado de fora da cidade e ameaçou prendê-los. Por fim, ele convocou os levitas, dando-lhes o encargo de zelar pela guarda do sábado. 

4°) O envolvimento com estrangeiros (V.23-30) - Mais um voto não estava sendo cumprido (10.30).  Neemias ficou furioso com a mistura de idiomas que ele havia percebido nas crianças. Ele não “incitou” o divórcio por parte daqueles que habitavam com estrangeiras. Ele estava apenas defendendo uma postura diferente em relação aos próximos relacionamentos. Mas com o filho do sumo sacerdote Joiada foi diferente (V.28). Neemias agiu com autoridade expulsando-o. Ele por ser da linhagem sacerdotal não poderia se relacionar com estrangeiras (Lev. 21.4,7,14). Ele havia casado com a filha de Sambalate um declarado opositor de Neemias. Ele foi mais severo com aquele que provavelmente seria um futuro líder espiritual do povo.

LIÇÕES PARA OS NOSSOS DIAS.

1. Diante do pecado visível no meio do povo, um líder espiritual deve agir em busca da santidade. Deve se esforçar ao máximo para conduzir as pessoas de volta ao centro da vontade de Deus - Quando o assunto é o pecado, não podemos cair na armadilha da passividade. Já   Charles R. Swindoll declarou: “Nenhum líder deve brincar com o erro”. Ao comentar as atitudes de Neemias neste capítulo, ele destacou as seguintes qualidades:
1. Neemias enfrentou o erro diretamente.
2. Neemias lidou severamente com o erro.
3. Neemias trabalhou por uma correção permanente.
4. Neemias sempre acompanhava o erro com oração.
   Outros servos de Deus agiram de forma semelhante à Neemias ao confrontar os erros: Moisés (Êx. 32); Samuel (I Sam. 15); Jesus (Jo. 2); Pedro (At. 5); Paulo (II Cor. 6); João (III Jo.9). Diante do pecado revelado, nós também precisamos agir em busca da restauração que vem do Senhor. Precisamos aplicar a orientação de Paulo em Gl 6.1: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado”. É missão de cada salvo conduzir as pessoas à reconciliação com Deus (1Jo 1.9).
   A busca pela santificação deve ser constante. Jamais será uma tarefa simples. Uma vida de santidade exigirá renúncias, perseverança e fé nas promessas de Deus. “O caminho da santidade que leva à felicidade é um caminho estreito; só há lugar para um Deus santo e uma alma santa andarem juntos”.  (Thomas Brooks).
  
2. Nossos votos precisam ser acompanhados dos nossos atos – Salomão declarou: “Quando você fizer um voto, cumpra-o sem demora, pois os tolos desagradam a Deus; cumpra o seu voto. É melhor não fazer voto do que fazer e não cumprir” (Ecl. 4,5). Em nosso estudo observamos algumas falhas dos israelitas que infelizmente ainda estão sendo repetidas por muitos servos  de Deus.
1. Alianças que profanam o sagrado (I Cor. 3.16).
2. Não se envolver no sustento da obra de Deus (Mal.3.10).
2. Negligência quanto a adoração (Jo. 4.23)
3. Jugo desigual (II Cor. 6.15).
   Não podemos esquecer as nossas responsabilidades diante do nosso Deus. Tudo aquilo que plantamos, colhemos (Gl 6.7).

3. A verdadeira santidade será precedida de oração, obediência às leis de Deus e firmeza –  Paul S. Rees afirmou: “O problema de muitos cristãos é que eles estão mais preocupados com sua doutrina da santidade do que com o fato de serem revestidos da beleza da pureza de Cristo”. Para que haja uma verdadeira santificação na vida do crente e consequentemente da igreja, será preciso uma decisão. Somente os inconformados com o mundo (Rom.12.2) serão íntimos do Senhor (Jo 14.21; Tg 4.4; I Jo. 2.15). Santificação não deve ser um conjunto de regras ou declarações teológicas, deve ser um estilo de vida por parte daqueles que já foram alcançados por Jesus. Para os que ainda não foram, é necessário primeiro uma conversão genuína aos pés de Cristo.

PARA DISCUSSÃO EM CLASSE?

1) Qual tem sido a postura da liderança da  igreja evangélica brasileira em relação aos pecados cometidos internamente?

2) Estima-se que mais da metade dos membros das igrejas são negligentes na entrega do dízimo? Qual a razão deste grave desvio de conduta?

3) Quando nos assemelhamos aos judeus em relação a negligência ao dia de culto? Quais os maiores prejuízos quando o mesmo não é observado?

4) O que tem levado os cristãos a buscarem união conjugal com incrédulos? Nossos jovens estão levando a sério as leis de Deus para o corpo e a formação da família? 

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