Fonte: Cristianismo Hoje
Precisamos de
um novo equilíbrio entre nossos corações e nossas agendas. Podemos afirmar que
nossa família é prioridade em nossas vidas, mas nossas agendas não condizem com
tal afirmação.
Nunca na
história da humanidade uma geração esteve tão cercada por demandas como esta à
qual pertencemos. Vivemos imersos numa cultura geradora de demandas pessoais,
familiares, profissionais, econômicas, sociais e ecológicas, entre outras.
Parte delas tem sido gerada e propagada pela mídia de uma sociedade de consumo.
Mas também têm sido produzidas e assimiladas através de nossas próprias redes
de relacionamentos, nas quais, constantemente, estabelecemos como padrão de
referência aquilo que o nosso amigo, vizinho ou parente diz ser, possuir ou
fazer.
No passado,
era muito mais fácil criar um filho, ter um corpo considerado saudável ou
sentir-se realizado profissionalmente – até ter um padrão de vida tido como bom
era menos complicado. Atualmente, para criar um filho, necessitamos de coisas
que jamais passaram pela mente de nossos pais ou avós. Hoje, só é saudável quem
passa horas e horas em academias, ou malha até o limite da resistência. Só pode
ser considerado um bom profissional aquele que acumula títulos acadêmicos,
domina idiomas e está disposto a sacrificar tudo pela carreira. E ter um bom
padrão de vida significa necessariamente possuir bens considerados, até pouco
tempo, como totalmente supérfluos.
O grande
problema de estarmos inseridos nessa cultura da demanda é que, gradativamente,
perdemos a noção da influência que ela exerce sobre nós e dos caminhos que nos
leva a percorrer. Passamos a viver em função das demandas que emergem diante de
nós e somos pressionados a seguir rumos que nos são impostos (ou a que nos
impomos) sem refletir se eles nos levarão para onde um dia planejamos chegar.
Assim, nossas vidas se transformam numa grande maratona, só que no ritmo de uma
corrida de 100 metros rasos.
Podemos
encontrar as consequências disso por todo lado. É fácil encontrarmos gente com
agendas lotadas, valores confusos, sintomas crônicos de estresse, casamentos
arrebentados, filhos ansiosos e sem limites, vida financeira em desequilíbrio e
profundos sentimentos de frustração. Esse tipo de pessoa tem se tornado tão
comum em nossa sociedade que corremos o risco de assimilar tal perfil como
normal – e concluir que este é o único padrão possível numa cultura geradora de
demandas.
No entanto,
como discípulos de Jesus, não podemos – e nem devemos –, acreditar que tal é o
padrão normal a ser vivido. Na verdade, imersos pela cultura das demandas,
precisamos tomar uma decisão interior – afinal, quem determinará os rumos de
nossas vidas? As demandas da cultura que nos envolve ou os valores de Deus em
nossos corações? Nossa resposta não apenas determinará o futuro de nossas
vidas, como também revelará quem de fato é nossa fonte primária de orientação.
Mas a decisão
por fazer dos valores de Deus a nossa fonte primária de orientação não é tão
simples como parece. Decisão assim impõe sobre nós a necessidade de uma
verdadeira reorganização de prioridades em nossas vidas. Primeiramente,
precisamos de um realinhamento entre os valores de Deus e os valores de nossos
corações. Muitas pessoas frequentam igrejas, leem a Bíblia, conhecem seus
principais personagens e histórias e até fazem orações diariamente. No entanto,
os valores do Reino de Deus não estão em seus corações. Sua relação com a
espiritualidade cristã é de mera informação, e não de transformação; e seus
corações continuam envolvidos e encharcados pelos valores determinados pela
cultura.
Em segundo
lugar, após o realinhamento dos valores de Deus aos valores de nossos corações,
precisamos também de um novo equilíbrio entre nossos corações e nossas agendas.
Podemos afirmar que nossa família é prioridade em nossas vidas, mas nossas
agendas não condizem com tal afirmação. Podemos dizer que nossa saúde física e
emocional é fundamental em nossa caminhada, mas, novamente, nossa agenda diz o
contrário. Logo, se queremos experimentar os valores de Deus como fonte
primária de orientação em nossas vidas, precisamos fazer com que eles alcancem
e influenciem nossas agendas.
Desta forma,
como homens e mulheres imersos numa cultura de demandas, podemos viver uma
verdadeira contracultura que tem como centro dinamizador os valores de Deus
para a vida em todas as suas dimensões. Como consequência, nossas agendas não
estarão mais condicionadas às demandas emergentes, mas sim, aos valores
estabelecidos pelo Senhor – valores estes que nos conduzem a um projeto de vida
marcado pela sabedoria do Criador, e não pela loucura da cultura gerada pela
obstinação de suas criaturas.

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