Texto base : Êxodo 12:2-13
Páscoa, na língua hebraica é pessach, que significa passagem ou passar
por cima. E esta idéia esta implícita em versos que referendam a esta festa em
Êx 12.11,23,27. A páscoa celebrava-se com a morte de um cordeiro no dia 14 de
Abibe (cf. Êx13.4). Abibe significa espigas verdes e corresponde ao primeiro
mês do calendário hebraico. Durante o exílio, este nome foi substituído pelo
nome babilônico Nisã, que significa, começo, abertura. Em nosso calendário este
mês corresponde a março- abril. Neste estudo, estudaremos acerca do significado
da páscoa.
Significado da Páscoa
O Homem moderno, em suas muitas ocupações, tem se esquecido do profundo
significado da festa da Páscoa. Até porque, a versão secular desta data é
apenas comercial e não religiosa. Exporemos aqui alguns significados que a
páscoa tem dentro do contexto escriturístico.
Em primeiro lugar, a Páscoa significa libertação. A Páscoa surge como a
festa que marcava o fim da opressão escravizadora de Faraó sobre o povo hebreu.
A profecia a Abraão revelava que seus descendentes ficariam sob o domínio de
uma terra estranha por 400 anos, mas que depois eles seriam libertados e
sairiam com grande riqueza (cf. Gn 15: 13,14). E isto de fato ocorreu, mas não
antes que esta festa fosse celebrada. E um pequeno detalhe, se esta festa era a
festa da libertação, porque então ela foi celebrada antes da libertação
propriamente dita?
Porque Deus quis ensinar que o sacrifício expiatório, a fé e a nossa
obediência precedem a plena libertação, afinal, Israel não estava sendo libreto
apenas de Faraó, mas também do Anjo Destruidor. E isto implica que a libertação
espiritual sempre precede a física. Se o sangue do cordeiro não fosse derramado
e aspergido sob os umbrais da casa, o povo de Israel teria sido destruído pelo
Anjo. A libertação da páscoa reveste se, portanto, de um caráter introspectivo,
por mostrar a necessidade pessoal de libertação por meio da substituição. E um
caráter prospectivo, porque profetizava a libertação antes dela acontecer e
prenunciava a obra de Cristo.
Neste sentido, a Páscoa devia ser celebrado por nos com profunda
reverência, afinal, Cristo foi a nossa Páscoa. Sua vida foi posta como cordeiro
que sendo morto derramou seu sangue em favor de muitos. A nossa libertação
espiritual plena foi conquistada por Cristo, a nossa Páscoa. João Batista o
chamou de cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1.29). Paulo
disse que ele é a nossa páscoa (1Co 5.7), e ele mesmo prometeu a libertação a
todos quantos crerem nele (cf. Jo 8.32,36 e Mt 11.28).
Aceitar o sacrifício de Jesus feito por nós como diz as Escrituras, é
comer da páscoa, e estar no caminho da libertação espiritual. A Páscoa dos
hebreus os libertou da escravidão, opressão, miséria e de seus pecados perante
Deus. Esta libertação aponta para o começo de uma nova vida, liberta de todos
os seus terrores e opressão.
Em segundo lugar, a Páscoa significa também salvação da família.
"...Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro... para cada
casa"(Êx 12:3). Observem que a promessa de Deus era que por meio do
sacrifício de um cordeiro cada casa era salva da destruidor. Faraó havia dito
ao povo hebreu que eles podiam ir, mas sem os seus filhos (cf. Êx 10:8-11) e
nisto podemos entender a vontade do Diabo quanto as nossas famílias. Se você é
um servo de Deus cuja vida Ele já libertou, Satanás irá tentar cativar seus
filhos. E a Páscoa nos desperta para o fato de que a obra de Jesus foi
suficiente para conceder libertação também a nossa família. O Senhor nesta
ocasião quer te despertar para o compromisso que você, pai e mãe, tem diante de
Dele para com sua família.
E em último lugar, a Páscoa tem profundo significado para o cristão por
representar a obra de Cristo para a nossa redenção. Eu já havia dito que a as
festas eram "sombras das coisas futuras"( cf. Cl 2.17), ou seja, elas
tipificavam aquilo que, como no caso da páscoa, um dia tornar-se-ia história na
encarnação do Senhor. E a Páscoa era exatamente uma antecipação figurativa da
obra de Jesus no calvário. Observemos agora algumas similaridades do cordeiro
da Páscoa e de Cristo a nossa Páscoa.
A pureza
O cordeiro pascoal era separado no décimo dia de Abibe (abril) e
examinado minuciosamente antes do seu sacrifício no dia 14 de Abibe, pois o
cordeiro tinha que ser "... imaculado".
Quando Lucas registra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém poucos
dias antes da crucificação, o faz exatamente na hora em que o povo estava
trazendo os seus cordeiros pascoais para serem examinados pelos sacerdotes.
Segundo Hebreus 7: 26 Jesus tinha que ser declarado "... Santo,
irrepreensível, imaculado, e inviolado pelos pecadores".
O exame dos sacerdotes
O cordeiro da Páscoa era submetido a um exame pelos sacerdotes que o
julgavam, com base no exame de sua perfeição, apto para ser sacrificado. Quando
lemos o relato de Mateus 22 do verso 15 ao 46, encontramos Jesus, o cordeiro de
Deus, sendo examinado pelos herodianos, saduceus, escribas e fariseus e nenhum
deles conseguiu achar nele nenhum defeito que o incriminasse e eles mesmo
ficaram sem condições de responder-lhe nenhuma palavra ( cf. Mt 22:46).
Exame feito pelas autoridades civis
Em Jo 18:12, 28, encontramos Jesus sendo preso e levado ao tribunal na
casa de Caifás, e como era ocasião da páscoa, os judeus não podiam entrar no
tribunal para não se contaminarem, pois se assim fizessem não poderiam comer da
páscoa. Naquele momento também, os cordeiros pascoais estavam também sendo
examinados.
E Caifás queria evidências para o entregar a Pilatos, mas não as
encontrou; por isso, ao invés de apresentar ofensa, disse apenas que se Ele não
fosse ofensor não seria entregue (cf. Jo 18.29). Pilatos por sua vez, após ter
examinado Jesus, "... não achou nele crime algum..." (cf. Jo 19.4). E
com estas palavras, o veredicto legal e civil estava dado e três vezes Pilatos
declarou que Jesus era inocente (cf. Jo 18: 28; 19: 4, 6).
A lei dizia que o cordeiro teria que ser sem defeito algum, senão, ele
não poderia ser sacrificado ao Senhor (cf. Dt 15:21). Jesus foi achado sem
defeito diante de todos depois de profundo exame e só depois foi crucificado.
Tendo em vista que o sacrifício do cordeiro pascoal era suficiente para
justificar os hebreus diante do destruidor, o sacrifício de Cristo também foi
suficiente para justificar o homem diante de Deus satisfazendo a justiça
divina.
A aplicação da Páscoa
A páscoa, como é comemorada pelo mundo, não nos traz qualquer beneficio,
mas quando entendemos que nossa Páscoa é Cristo, então chega a hora de tiramos
das reflexões e práticas correlatas, muitas importantes lições.
Primeiramente aprendemos que se Cristo é a nossa páscoa, não faz
sentido a comemorarmos com ovos e nem coelhinhos, tampouco com sacrifico de
animais, mas através do sacramento ordenado por nosso Senhor Jesus Cristo, a
ceia do Senhor.
"E
disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque
vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus e,
tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;
porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de
Deus e, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo:
Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo
testamento no meu sangue, que é derramado por vós." (LC 22: 15- 20).
Neste episódio, ocorrido pouco antes da prisão e morte de Jesus, Ele
introduz naturalmente a Ceia como substituta da festa pascoal do Antigo
Testamento. Se observarmos, esta evidente que o Senhor não terminou a refeição
pascoal antes de instituir a Ceia, antes, a ceia esta intimamente ligada à
refeição pascal. O pão que era comido com o cordeiro na páscoa foi consagrado
para um novo uso pelo Senhor e o terceiro cálice, que era chamado de cálice da
bênção, foi usado como segundo elemento na ceia. Desta forma percebemos que a
Páscoa foi trocado por Jesus pela Ceia.
Ademais, os sacrifícios pascoais tinham significado simbólico e
apontavam para Cristo que haveria de ser apresentado em nosso lugar em
sacrifício. Quando este estava a ponto de ser morto e cumprir as escrituras e
tudo aquilo que estes sacrifícios pascoais prenunciavam há séculos, houve a
necessidade de mudar o símbolo e o tipo. Afinal, haveríamos de continuar
comendo cordeiros? Haveríamos de comer a carne de Cristo sendo Ele nosso
cordeiro pascoal? E calo que não.
Mas como então comemorar este ato memorável feito por Cristo senão
através da festa que ele instituiu, a santa ceia?
Aprendemos ainda que na ocasião da páscoa e da ceia, deveríamos meditar
na tão grande libertação que Cristo a nossa Páscoa nos proporcionou.
Jamais deveremos esquecer o significado da páscoa e foi por isto que
Jesus nos ensinou a Cear com a seguinte admoestação, "... fazei isto... em
memória de mim...".
A memória deste acontecimento nos permite gozar da certeza da
libertação do pecado, da morte e da miséria na qual estávamos, e nos permite
olhar para o futuro com esperança já que cada vez que ceamos anunciamos a morte
do Senhor até que ele venha ( cf. 1 Co 11.26). A nossa celebração da ceia, tão
como foi a primeira celebração da páscoa pelos Hebreus, prenuncia que Cristo
vira nos livrar da opressão deste mundo. Estamos anunciando que ele vira nos
libertar deste mundo de angústias e que enquanto ele não vem, estaremos
protegidos do Anjo Destruidor por efeito do seu Sangue que esta aspergido sobre
sua igreja.
Em cada ocasião como esta devíamos meditar
no poder do Sangue de Jesus.
Aprendemos três coisas com relação ao sangue
do cordeiro de Deus:
1. O sangue
sempre será o instrumento de libertação espiritual e moral.
2. Pelo
sangue somos protegidos do Destruidor.
3. Pelo
sangue de Jesus liberta a nós como guarda nossa família neste mundo.
Eu não
poderia terminar este artigo sem mencionar a questão do uso de símbolos como o
ovo de páscoa e o coelhinho como representantes significativos da páscoa, por
isto vejamos:
O ovo de Páscoa e o coelhinho
Com o correr dos tempos muitas festas e tradições de diferentes povos
acabaram se mesclando com a páscoa secular que atualmente conhecemos. Nas
religiões orientais, na mitologia grega, nas tradições populares, o ovo sempre
teve significado de principio de vida. O ovo aparentemente morto contém uma
vida que surge repentinamente, acreditando-se por isto, que ele seja o símbolo
da páscoa da ressurreição.
Outro fato é que depois da quaresma e da semana santa, comer ovos era
um método conveniente e nutritivo para a preparação da páscoa. Embora haja
divergência sobre os ovos da páscoa vindo do antigo Egito, como por exemplo,
para alguns os ovos enfeitados era uma tradição começou na Idade Média. Séculos
antes, porém, os chineses já costumavam colorir ovos que eram distribuídos aos
amigos na Festa da Primavera, como lembrança da continua renovação da vida.
Para os historiadores, daí os missionários trouxeram o costume que
acabou se transformando nos ovos confeitados. No século XVIII, a Igreja
católica adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo.
Assim foi aceito um costume originalmente pagão, e, pilhas de ovos coloridos
começaram a ser benzidos antes da distribuição entre os fiéis.
As lendas e estórias sobre os coelhinhos apareceram muito mais tarde
por volta 1215 na Aláscia, França. Uma mistura de mitologia pagã, onde coelhos
eram símbolos de fecundidade e abundância, com a tradição católica. O próprio
sentido dos ovos como símbolo de vida se perdeu na história, mas até hoje os
ovos de chocolates são vendidos sob a propaganda de um coelhinho.
Em nossos dias os ovos de chocolate e os coelhinhos de chocolate são os
preferidos da meninada, porém é importante lembrarmos que estas coisas não
possuem nenhuma relação com o sentido real da Páscoa. Também não são estes os
elementos presentes na páscoa ou na ceia do Senhor, de forma que, se quisermos
comprar ovos de chocolate, façamos isto como quem compra chocolate e não com
reverência pascoal, por que a introdução, tanto do ovo como do coelho nesta
data, e de origem paga e não cristã.
Que nesta data, depois desta simples exposição que fizemos sobre a
Páscoa, procure pensar no real significado desta festa para nos, aplicando as
lições que este tema sugere na sua vida, para que você goze do privilégio da
genuína libertação por meio de Cristo, nosso cordeiro pascoal.
Fonte: Missão
Evangélica no Brasil



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